domingo, 16 de outubro de 2016

História da iluminação em Indaiatuba

 texto de Maria Luisa da Costa Villanova
Historiadora pós graduada em Arqueologia
                             


É importante lembrarmos que até quase metade do século XIX, os recursos utilizados para iluminação destacavam-se os óleos combustíveis de peixe e baleia, afora o azeite e a tradicional vela de cera, também as candeias e candeeiros.  Por volta de 1860 a iluminação pública era feita com lampiões a querosene. Talvez por isso as pessoas tivessem o costume de “dormir com as galinhas”, mas com certeza era o motivo das casas terem janelas grandes, para aproveitar bem a luz do dia.

No caso de Indaiatuba, a iluminação utilizando querosene, foi inaugurada em 1887. Adquiridos por Vicente Tanclér ao preço de 28$000 (vinte e oito mil réis) cada, com o poste de madeira de lei, foram colocados não só nas esquinas, mas também no meio das quadras, distantes um do outro aproximadamente 40 metros. Ao lado da Matriz, foram colocados modelos mais artísticos. A inauguração aconteceu em 25 de novembro daquele ano, com festa, banda de música e os clássicos rojões.

Os lampiões eram abastecidos e acesos ao escurecer (entre 18 e 19 horas, por lei) e assim permaneciam até acabar o combustível. O que acontecia durante vinte dias por mês, por motivo de economia, não sendo aceso em noites de lua cheia, quando o luar era, por sua vez, mais eficiente que a luz dos lampiões.

Foi nomeado o cidadão Felipe Nery de Camargo Thebas, que recebia 18$000 (dezoito mil réis) mensais, para cuidar dos lampiões, cargo criado em 08 de janeiro de 1888. A Câmara, em sessão de 09 de março desse ano, votou lei que “impunha multa às pessoas que fizessem qualquer dano aos lampiões, bem como obrigava a pôr os mesmos no estado em que estavam antes”. Essa multa era de 20$000 por danificar os lampiões ou qualquer objeto a ele decorrente e o dobro por reincidência e multa de 30$000 para quem nele amarrar animais ou quaisquer objetos.

Os lampiões cumpriram gloriosamente sua missão até 1913, quando, entra em funcionamento o sistema de iluminação pública com lâmpadas elétricas, conforme contrato firmado entre o município e a “Empresa de Luz e Força de Jundiahy” em 1911.

Cabe aqui recordarmos, que a primeira hidrelétrica construída especificamente para fins de utilidade pública em toda a América Latina, foi a Marmelos-Zero, em Juiz de Fora (MG), inaugurada em 07 de setembro de 1889.

Em 1925, segundo relatório do prefeito Alfredo de Camargo Fonseca o município teve um gasto de iluminação de 7:903$500 ou quase oito contos de réis. Com a ajuda da Empresa de Luz e Força de Jundiahy, foi feita a reforma da praça Prudente de Moraes, colocando 11 combustores com lâmpadas de 100 velas cada.

As primeiras lâmpadas elétricas, conhecidas como “lâmpadas a arco”, que utilizavam um arco ligado a dois eletrodos de carvão, eram muito duráveis, como dimensões semelhantes a uma bola de basquete. Na Escola Randolfo, nesta época, utilizavam as lâmpadas queimadas para fazer amostras de plantas.

Em 1934 a população de Indaiatuba era de 11.000 habitantes (2.214 na cidade e 8.786 na zona rural). A noite se reuniam nas esquinas, cafés, bares com o fim de ouvir uma narração de partidas de futebol ou programas caipiras nos pouco rádios, conversar com amigos ou fazer um joguinho de cartas ou bocha. Além disso, há sessões de cinema as quintas, domingos e feriados ou o “principal” programa, fazer um footing, no largo da Prefeitura a noitinha, para ouvir o alto falante que funcionava até as 21 horas. O gasto com essa iluminação foi de 15:000$000.


Tribuna de Indaiá - 28 de janeiro de 1962



Nos anos de 1969 e 1970, o então prefeito Mario Araldo Candello, com recursos da Prefeitura e sem cobrar taxas ou tributos deu procedência a ampliação da rede de iluminação nos logradouros Vila Almeida, Vila de Todos os Santos, Bairro Santa Cruz (entre o matadouro e a Indaiatuba Têxtil). Foram substituídas lâmpadas de 200W por outras de 400W tipo vapor de mercúrio nas Praças Prudente de Moraes, Dom Pedro II e Rui Barbosa, e algumas redes de iluminação domiciliar, num gasto aproximado de NCr$ 102.000,00 (cento e dois mil cruzeiros novos).

Em 1971 foi a vez da praça Newton Prado, mais conhecida como “praça da estação”, que depois de dezenas de anos esquecida, foi totalmente remodelada e urbanizada e claro, iluminada com luminárias de acrílico de 250W e as ruas, agora asfaltadas ao seu redor, com luminárias de 400W. 

Em 1972 o programa de remodelação e ampliação da iluminação pública da cidade prosseguiu, substituindo por luminárias de 400W.

Hoje a cidade é servida pela Companhia Piratininga de Força e Luz (CPFL), em 2000 contava com aproximadamente 16.000 postes com iluminação pública e possuía 16.436 lâmpadas, que funcionam sob tensão de 220V, sendo que essas lâmpadas têm operação de acender e apagar controlada por foto-células, dispositivo este, que permite que sejam acesas quando a luminosidade do Sol cai e apagam quando esta luminosidade aumenta.

Indaiatuba é em geral muito bem iluminada até hoje, mas não podemos esquecer que o uso raciona de energia é uma necessidade constante que se impõe à sociedade quando se toma consciência de que os recursos da Natureza são finitos e devem ser explorados com o cuidado necessário à preservação do meio ambiente, para que as gerações futuras também possam desfrutar.


Imagem do Largo da Matriz antes da iluminação pública eletrificada.

BIBLIOGRAFIA
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- MARINHO, Martha de Andrade Barbosa. 1ª ed. Uma aventura na Terra dos Indaiás: história de Indaiatuba para jovens leitores. Itu. Rotary Club/ Editora Ottoni, 2003.
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- SAMPAIO, Syllas Leite e SAMPAIO, Caio da Costa. Indaiatuba – sua história. Indaiatuba. Rumograf. 1998. P. 129-131.
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- ZOPPI, Antonio. Reminiscências de Indaiatuba. Indaiatuba. Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. 1998. (Coleção Crônicas Indaiatubanas,vol 1).


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