terça-feira, 4 de outubro de 2016

ESTUDOS SOBRE A HISTÓRIA DA ARQUITETURA EM INDAIATUBA - Parte 4: ECLETISMO parte II


Parte 1 - Barroco
Parte 3 -  Ecletismo - Parte I


ESTUDOS SOBRE A HISTÓRIA DA ARQUITETURA EM INDAIATUBA - Parte 4: ECLETISMO parte II

texto de Charles Fernandes

A UTILIZAÇÃO DE PROJETOS TIPO E A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE INDAIATUBA 


A estação de trens de Indaiatuba possui uma linguagem que indica elementos de arquitetura Gótica Inglesa, cujo estilo é chamado de Neogótico, um formato inovador para a época, que foi utilizado em várias estações, inclusive a grande e próspera Itararé, rica em café, que possui o maior exemplar entre os prédios similares, e alguns prédios com projetos tão parecidos que não pode ser negada a utilização de um PROJETO TIPO para todas as estações.


Estação Ferroviária de Indaiatuba – 1873 - Estilo Neogótico



 
Estação Ferroviária de Angatuba



Estação de Curitibanos


Estação Ferroviária de Piapara
Estação Ferroviária de Itararé



Pequenas diferenças pontuam estes projetos, em geral indicados pelas aberturas, mas todos indicam os mesmos elementos ecléticos que fogem aos padrões neoclássicos e indicam a arquitetura tradicional inglesa, expressados pelo estilo Vitoriano, que vem sempre em compasso com a ferrovia.


O NEOCLÁSSICO DE NOSSA SENHORA DE LOURDES EM HELVETIA

A igreja construída pela comunidade de imigrantes suíços de Indaiatuba, possui linguagem neoclássica, isenta de excessos de adornos e com algumas referências regionais helvéticas como o campanário, e o óculo em forma floral. Os nichos da fachada  apresentam detalhes de escultura de madeira de artesãos vindos de fora do Brasil. Essas licenças neste projeto tão regrado, dão uma característica especial e este patrimônio da cidade de caráter único na região.
Igreja da Colônia Helvetia – 1899 – foto de Houck Junior

O NEOCOLONIAL DO HOSPITAL AUGUSTO DE OLIVEIRA CAMARGO E VILA KOSTKA.

Um estilo tipicamente brasileiro aparece para se contrapor às tendências europeias, resgata a linguagem das antigas igrejas barrocas e  é lançado em vários tipos de edificação, sejam escolas, residências ou hospitais,  uma característica totalmente eclética nestes projetos: de se ter um formato de planta, derivado de uma referência, enquanto a relação entre posição das aberturas e alturas da edificação é determinado por  proporções clássicas além do o uso dos elementos BARROCOS, muitas vezes fora do contexto de perspectiva e composição livre deste movimento. É uma grande colcha de retalhos, com elementos de múltiplas referências em uma só composição.

Hospital Augusto de Oliveira Camargo, 1937
Arquivo Público de Indaiatuba - Coleção Antônio da Cunha Penna

Uma composição com elementos de várias fontes, com um forte linguagem Neocolonial, dada sobretudo pelos beirais aparentes, características de uma obra eclética. 
Já a capela desse hospital pouco lembra o Neocolonial, a na ser pelo pequeno retábulo.
Os arcos plenos e colunas compósitas indicam linguagem Eclética.


Igreja de Vila Kostka - 1950 - Neocolonial 


No mosteiro inaciano (1) de Itaici, na Vila Kostka a referência é de igrejas jesuítas brasileiras da época do Brasil colônia. A composição pode ser chamada de neocolonial com quase nenhuma licença eclética. É um edifício que procura buscar sua linguagem nas construções históricas que precederam a ordem religiosa, que inclusive utiliza essa linguagem até hoje  em suas instalações.


Elementos da Arquitetura Barroca utilizados pelas igrejas jesuítas do início do Brasil colônia, são utilizados para compor a fachada eclética neocolonial da Vila Kostka.
Apesar de arquitetura muito rica e trabalhada seu projeto é de Ecletismo Tardio, pois na época da construção desta obra, já estávamos desenvolvendo o Modernismo como vanguarda artística. A primeira casa modernista do Brasil é de 1929, construída por Gregori Warchavchik.

O ECLÉTICO PROJETO DA IGREJA DE PIMENTA

A igreja de Pimenta é repleta de referências da arquitetura clássica, mas possui algumas soluções compositivas que a destacam das demais, em especial à composição que rebaixa os capitéis das pilastras criando uma linha, na lateral da igreja, em ordem menor de pilastras de base de arcos, e que na fachada frontal, mudam para uma ordem maior de pilastras que vão até o entablamento, e o ático sobre os arcos em vista lateral, torna-se justamente o entablamento na fachada, esta apropriação pouco usual e criativa é uma interessante curiosidade e diferencial desta obra.

Outra criativa solução formal, que indica uma fluidez quase art deco, é o frontão que marca a porta principal de entrada, e que tangencia o óculo formando uma congruência perfeita entre as formas que indica um movimento quase floral.


Igreja de Pimenta - fim do século XIX – Foto de Paulo José.

Esta é uma igreja que ilustra como o Eclético evolui e passa de uma arte puramente compositiva embasada em tratados e regras para um movimento de composição livre, que apesar do uso das formas, adquire uma liberdade que lembra o ideário Barroco, o mesmo que o eclético lutou tanto para suplantar. 

É o ciclo da arte, mais uma vez fechando uma Era.

Em breve, as máquinas, a tecnologia e as necessidades de uma nova sociedade, que é mais veloz e informada do que nunca foi,  não permitirá mais que os espaços sejam determinados por referências históricas.

E uma nova época chega. Época em que, em Indaiatuba, sua sede será na Praça Prudente de Morais. 

Será o Modernismo. 

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Notas:


(1) inaciano: aquele ou aquilo que é relacionado à Santo Inácio de Loyola, fundador e patrono da Companhia de Jesus. Também utilizado para a qualificação de tudo o que é jesuítico, que advém dos jesuítas.


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Em breve Estudos sobre a História da Arquitetura em Indaiatuba - Parte 5 - O Modernismo.

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