quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A antiga Vila Industrial



Vila Industrial: um passado de glórias 
e um futuro promissor


A antiga Vila Industrial guarda no passado importantes histórias e empresas que elevaram o nome da Terra dos Indaiás à nível nacional. 
Hoje, preserva o clima tranquilo em quatro bairros de grande importância: Vila Vitória I e II, Parque Boa Esperança e Vila Furlan

Os bairros Vila Vitória I e II, Parque Boa Esperança e Vila Furlan hoje se consolidam como parte histórica de Indaiatuba, pois foi neste pedaço de terra que, ainda sem urbanização, diversas empresas se instalaram no início do século 20, fazendo com que o conjunto que hoje denomina os bairros ficasse conhecido como Vila Industrial.

A partir de 1920 começaram a se instalar em Indaiatuba unidades industriais de transformação de madeiras. Dentre elas estava a indústria de cabos de guarda-chuva e bengalas Gryschek, que tinha seu produto vendido em todo território nacional. A fábrica se instalava onde hoje está o Parque Boa Esperança, no cruzamento das ruas Nicarágua com Jundiaí, em terreno que ainda preserva a fachada do prédio e dá lugar, em seu interior, a mais um empreendimento vertical.O prédio faz parte da história do bairro e por isso é possível falar sobre a região sem contar a história da família Lins, pois foi com ela que o local cresceu e tomou status de bairro.

Família Lins

Henrique Lins, originalmente alemão, chegou ao Brasil com 17 anos, em 1923. Com o passar do tempo, aprendeu a produzir Órgãos e Harmônicos e abriu sua própria fábrica. Anos depois, viu a necessidade de expandir seu negócio e comprou o prédio da antiga Gryschek, em 1945.

Segundo Antônia Lins, filha de Henrique, a energia elétrica só chegou na região quando foi levada pelo seu pai até as proximidades da fábrica, tornando as atividades da empresa mais fáceis. “Ele pagou pelos postes e fios, e levou a energia até lá para que a fábrica pudesse ter condição de trabalho”, resume.






Imagens do entorno da fábrica "dos Lins" onde era a Vila Industrial e depois expandiu-se a Vila Furlan, Parque Boa Esperança, Vila Vitória I e Vila Vitória II.


Entre tantas histórias revividas pela moradora, ela lembra que o prédio da antiga fábrica possuía um segundo andar, que foi desmontado porque o piso era de madeira. “Fileira por fileira de tijolos foram retirados e o telhado desceu até ficar na altura ideal. Depois, foi só voltar as telhas para o lugar”, recorda.

Mas, se hoje os bairros da região possuem infraestrutura adequada e contam com vias de acesso rápido em direção ao centro comercial da cidade, com ruas amplas e bem sinalizadas, Antônia reforça que nem sempre foi assim. Detalhes são lembrados por ela, como as grandes valas que eram abertas pelos escravos para servir de obstáculos, já que não existiam cercas. “Onde é hoje a rua Cabreúva, existia uma gigantesca vala que ia até próximo ao Hospital Augusto Oliveira Camargo”.


Desenvolvimento

Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Planejamento Urbano e Engenharia, foi em 14 de março de 1950 que o loteamento da Vila Furlan foi registrado. Com 326 lotes, na época ele se chamava Vila Amadeu Furlan. Com a cidade em pleno crescimento urbano, nos anos seguintes surgiram os demais bairros vizinhos: o Parque Boa Esperança, com 417 lotes, foi registrado em 15 de dezembro de 1954; e os bairros Vila Vitória I e II, com 295 lotes cada, em 1965.

1a. casa construída onde hoje é a Vila Furlan


Antônia lembra que com o crescimento, diversas ruas foram abertas e com isso foram inevitáveis as desapropriações. Dentre elas parte do galpão da antiga fábrica, cedido por Henrique Lins para dar lugar à Rua Nicarágua. “Ele mesmo fez outra parede dentro do salão e, depois,  derrubou a parede de fora, onde passaria a rua”, lembra a filha.

O terreno da antiga fábrica de Lins ficou em poder da família de 1945 a 1994, quando o terreno foi vendido. Na ocasião, uma fábrica de costura foi montada no local e anos mais tarde, o prédio foi novamente vendido e nada mais funcionou no local.

Hoje, com o bairro em pleno crescimento imobiliário e a instalação de prédios grandiosos com o Torres da Liberdade, o espaço também abrigará um empreendimento habitacional de seis andares, idealizado pela Jacitara Holding.

Ainda com forte vocação na área empresarial e empregatícia, os bairros também continuam abrigando empresas, que já somam 400, fazendo prevalecer o nome da Vila Industrial. 

Vista da Torres da Liberdade

Torres da Liberdade


O Cruzeiro

O Parque Boa Esperança, além de ter um clima pacato, ainda preserva uma obra de arte deixada por Henrique Lins, na Rua Cabreúva. O Cruzeiro, como é conhecida a obra, foi construído por Lins como pagamento de uma promessa feita por ele durante a recuperação de um acidente que sofreu na fábrica, no fim do ano em que a família se mudou para o local.

Na época, Lins foi levado para Campinas para ser tratado e na volta, ainda impossibilitado de trabalhar, orientava os empregados na construção do cruzeiro a fim de cumprir a promessa.

Em fevereiro de 1946 foi instalada a cruz. Depois, ele fez a estátua da Nossa Senhora e de São João. Depois de se recuperar por completo, Henrique Lins deu continuidade à obra, que aos poucos foi tomando forma. Anos mais tarde, ele acrescentou a última peça do conjunto ao cruzeiro, que foi Verônica aos pés da Cruz.




Cruzeiro na época em que foi feito por Henrique Lins
O Cruzeiro - imagem atual


Festa das Nações

A década de 1950 assistiu a emergência da cultura do tomate, sobretudo em função da fixação de famílias japonesas no município, com isso um marco cultural aconteceu na história da cidade e do bairro, que poucos conhecem.

A primeira Festa das Nações, hoje parte do calendário cultural da cidade, foi realizada no antigo prédio dos Lins.




Imagem da 1a, Festa das Nações, feita no antigo prédio "dos Lins".


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Imagens antigas do acervo familiar da família Lins
Imagens atuais - Revista Exemplo.

Texto originalmente publicado na REVISTA EXEMPLO IMÓVEIS - 
Agradecimentos: Sr. Aluísio Williampresidente do Grupo AWR
Débora Andradesjornalista.

Texto de Luciano Rodrigues.



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