quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tardes

autor: Acrísio de Camargo - autor da letra do "Hynno Indaiatubano"

A roça é alegre,bunita,
quando o sor vai se escondê
O céu azur,cor de fita,
parece se ingrandecê...

O vento passa maciu
vôa baxo os taperá
E as agua fresca do riu
corre manso e devagá...

O campo verde, cherôso,
tudo infeitado de frôr,
de tão bunito e gostoso
Parece um ninho de amor

Tudo é graça e buniteza
na roça de tardezinha
parece inté que a pobreza,
alegra a nossa vidinha...

Hora da ceia que férve
no prato queimâno a mão...
A cumida, tudo serve
basta mandiôca e fejão

domingo, 28 de agosto de 2011

Ponto de vista: Por que Rui Barbosa mandou queimar os documentos da escravidão?



texto de Keila Grinberg
Departamento de História, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,
sobre um polêmico episódio  da História do Brasil



Algumas histórias nascem ninguém sabe como. Quando nos damos conta, elas viram causos, passados adiante como se fossem verdade. Isso acontece entre amigos, no interior das famílias e também... na história do Brasil. Quer um exemplo?

Muita gente conta como Rui Barbosa, um dos políticos mais importantes da história do país, destruiu os documentos da escravidão logo após a proclamação da República em 1889. Aproveitando-se do cargo de ministro da Fazenda, ele teria mandado queimar esses documentos, supostamente para acabar com esta “mancha negra” da História do Brasil. Isto é contado como um grande absurdo, como se Rui Barbosa quisesse apagar o passado do país.

Nada mais errado. É verdade que Rui Barbosa mandou queimar documentos sobre a escravidão, mas não para destruir os traços das vidas dos escravos.

Ele fez isso porque, quando os escravos foram libertados no Brasil, em 13 de maio de 1888, a lei estabeleceu que os antigos senhores não seriam indenizados, ou seja, não receberiam nenhuma recompensa pelo fato de estarem sendo obrigados a libertar seus escravos. Afinal, em pleno fim do século 19, era um absurdo achar que uma pessoa pudesse ser dona de outra pessoa! Naquela época, o Brasil era o único país do Ocidente que ainda permitia a existência da escravidão.

Acontece que os senhores dos escravos não aceitaram tão facilmente essa decisão. Se dependesse deles, continuavam a ter escravos! E exigiam ser recompensados pela perda.

Já Rui Barbosa achava o contrário: se alguém tivesse que ser indenizado, seriam os ex-escravos, que haviam trabalhado a vida inteira sem receber nada. E foi o que ele disse aos senhores.

Mas os antigos proprietários não descansavam e continuavam a reclamar. Então, para acabar com a discussão, Rui Barbosa mandou queimar os documentos que comprovassem a quem tinha pertencido cada escravo. E foi o que aconteceu: no dia 13 de maio de 1891, para comemorar os dois anos da abolição da escravidão no Brasil, foi feita uma grande fogueira no centro do Rio de Janeiro. Foi uma festa e tanto, com a presença de vários líderes abolicionistas.

Assim, Rui Barbosa evitou que os antigos senhores de escravos, depois de terem usufruído por anos e anos de trabalho de graça das pessoas que mantinham em cativeiro, ainda recebessem dinheiro pelo fato de tê-los libertado.

Nem tudo, porém, foi destruído. Aliás, quase nada. Há ainda milhares de documentos sobre a escravidão nos arquivos, usados pelos historiadores para escrever a história deste passado impossível de esquecer.

(publicado originalmente na coluna Máquina do Tempo em 26/08/2011)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

REPREHENSÕES

autor: Acrísio de Camargo - autor da letra do "Hynno Indaiatubano"


Ritinha tóme cuidado,
voce ja num é criança.
Va cahi, c'o namorado,
na boca da vizinhança...

No rapáis num pega nada...
é um home; pense direito...
Veja que muié falada
num têm arranjo nêim jeito.

Inquanto ocêis num casá
num ande andano sozinho;
puis ja viéro me contá
que viro ocêis no caminho...

Farta um meis pro casamento.
Num custa chegá esse dia.
Despois daquele momento
tudo ha de i bêim minha fia.

Num ande mais por ahi.
Despois...-marido e muié
póde passiá inté durmi
na estrada se ocêis quizé.

 


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Farmácia Candelária - Outra foto da festa de (re) inauguração



Esta foto inédita é da festa de (re) inauguração da Farmácia Candelária, que aconteceu  no dia em que ela completava 50 anos de funcionamento em Indaiatuba.

Relembre do fato aqui e aqui.

Quem cedeu a foto após visitar o blog foi Francisco Xavier da Costa Garcia,  neto de Francisco Xavier da Costa, dono da "Pharmácia Candelária", grande boticário que trabalhou em Indaiatuba desde o século XIX - que além de boticário e farmacêutico - era o único "curador" que em muitas ocasiões tinha em nossa cidade.

Francisco Xavier da Costa Garcia é filho de Maria da Glória Costa Garcia, por sua vez filha do Chiquinho Boticário, como era conhecido aquele querido farmacêutico que cuidou, manipulou e vendeu remédios para a grande maioria da população indaiatubana do final do século XIX até mais da metade do século XX.

Francisco Xavier da Costa Garcia, que nasceu em 1944, reside há mais de 40 anos em Mato Grosso do Sul, onde constituiu família, tendo 3 filhas e três netos. Encontrou o nome do avô neste blog pesquisando na Internet.

Obrigada pelo envio e autorização de publicação, Sr. Francisco!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Desaforos

autor: Acrísio de Camargo - autor da letra do "Hynno Indaiatubano"


Rânque a faca seu porquêra
Ocê pra mim num é home
Ja têim feição de cavera
Cara de morto de fóme.

Cabeça de sucuri,
nariz de porco do matto.
A gente oiâno um quati
parece ve seu retráto

Péste ruim, sogeito atôa,
marcriado, sêm vergonha,
Apanhô inté de alemõa

Meta a cára num buráco
e suma de nossa vista.
Bôca de avô de macaco.
Testa de gallo sêm crista.

Tua mãe é separada,
teu pai largô e foi simbóra...
E a minha foi sempre honrada
proque é sortêra inté agora!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

19 de agosto - Dia do Historiador

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) deu parecer favorável, recentemente (09/09/2008) ao projeto de lei que institui o Dia Nacional do Historiador. A proposta que homenageia os historiadores é de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Originalmente, o texto estabelecia que a data seria celebrada no dia 12 de setembro.

Mas o relator da proposição na CE, senador Augusto Botelho (PT-RR), propôs uma emenda - aprovada pela comissão - que altera a comemoração para o dia 19 de agosto. A nova data foi escolhida para homenagear Joaquim Nabuco, que nasceu em 19 de agosto de 1849 e também foi historiador.

JUSTIFICAÇÃO (por Cristovam Buarque)

Um povo sem história é um povo sem memória. Essa afirmação, mais que um dito já popular, é também uma verdade histórica, pois todos os agrupamentos humanos que não preservaram sua memória - em histórias, documentos, objetos de arte e arquitetura - acabaram sucumbindo a ditaduras e até acabaram por desaparecer da face da Terra. Por essa razão, não apenas a disciplina que trata das histórias dos povos deve merecer nossa atenção, mas também os cientistas que se dedicam a essa tarefa tão nobre. Obviamente, a história se faz por seus protagonistas: lideranças políticas, religiosas e econômicas, por um lado; grupos populares, lutas contra a opressão e pela libertação, por outro. E para registrar tudo, o historiador. E de tal modo é importante o papel dos historiadores que, por vezes, eles ajudam, também, a reconfigurar a história de um País.Ao lado da Filosofia e da Literatura, a História está presente desde os primeiros momentos da nossa tradição ocidental, constituindo um dos saberes mais antigos de nossa civilização. (...)

Fonte: café história

domingo, 14 de agosto de 2011

Fatos e Coisas de Indaiatuba Antiga

fragmento de texto de EJOTAELE*
pseudônimo de Eutimiro José Lisoni (in memorian)

(...)

Para se ter uma ideia do que foi Indaiatuba, aos primeiros albores do século em curso**, de mil almas mais ou menos, com poucas ruas, providas de habitações coloniais, 300 casas, se tanto, sem qualquer relevo arquitetônico, destituído de qualquer utilidade do setor público, sem luz elétrica, sem água canalizada, sem esgoto, sem automóveis, sem médico...

Todavia, salva-se a doçura de seu clima e porque não dizê-lo o encanto de sua topografia, como ainda o é hoje, isto é, o admirável planiço de todo o seu perímetro urbano.

Em 1910 ainda se construíam paredes e muros de taipas e, como razão pertinente, existia a classe de taipeiros. Entre eles o Zé Taipeiro, o Chico Taipeiro e outros. Curiosa era a maneira com que os taipeiros, peitos desnudos, na sua faina verdadeiramente árdua, colocavam os enxaimeis e "batiam" o barro com grandes macetas de madeira. Esse trabalho, por vezes pitoresco, processava-se em cadência quase militar, entremeado pelo coro dos taipeiros, uma espécie de cantoria, mais ou menos entoada, mistura de afro e brasílico. O coro dos taipeiros e o "bam bam" característico das macetas, difundiam-se nos ares de tal maneira, que se concretizavam-se em eco soturno na quietude tumular de nossa Indaiatuba primitiva.


(Exemplo de arquitetura em taipa - casa no Parque de Jericoacoara,
Ceará - janeiro de 2010, acervo pessoal EBS)


O serviço de energia elétrica só veio a ser inaugurado em 1912, constituindo acontecimento incomum para a população que saiu a rua em massa para ver a nova maravilha. O de abastecimento de água, veio 23 anos depois, ou seja, no ano de 1935, mercê da evolução natural da política administrativa local.

O primeiro automóvel que apareceu na cidade, o que constituiu motivo de grande admiração, trouxe-o o dentista Odilon, um "Ford" antigo, de cor vermelha, aí pelo ano da graça de 1913; pouco tempo depois aparecia outro "Ford", também de cor vermelha, de propriedade de Eduardo Ferreira e tal era a buzina desse automóvel, que chamava a atenção da população inteira, quer onde se encontrasse. O primeiro motorista da cidade foi, entretanto, o Zuzuca Fonseca com o seu possante "Motobloc", marca de grande projeção na época.

Dois médicos  que residiam, um na cidade de Salto e outro na cidade de Itu, faziam suas visitas costumeiras a cidade dos Indaiás, uma vez por semana, cada qual fazendo seu "ponto" em uma das duas únicas farmácias que existiam, a do José Siano, mas tarde do farmacêutico Luis de Beneditis e a do Chiquinho Boticário, que outro não era senão o farmacêutico Francisco Xavier da Costa, que foi velho e estimado morador de Indaiatuba. esses dois abnegados facultativos, um era o Dr. Viscardi, figura simpática de médico humano e bom, que preferia a medicina empírica à medicina propriamente científica, mas por amor a gente do que pelo exercício so sacerdócio; o outro era o Dr. Castro, diametralmente contrário do Dr. Viscardi, porém, cirurgião de solar proficiência.

.....oooooOooooo.....







* Originalmente publicado no Jornal Votura em 6 de maio de 1988 e republicado no livro " Gente de Nossa Terra - Terra da Nossa Gente" de Rubens de Campos Penteado, publicado em 2011.
** O Autor refere-se ao século XX, e seus textos narram fatos do início do século.

domingo, 7 de agosto de 2011

Nos Tempos do Bar Rex - 2a. edição


Já estão prontinhos os livros da 2a. edição de "Nos Tempos do Bar Rex", de Antonio da Cunha Penna.
A primeira edição contou com 500 exemplares que foram vendidos em aproximadamente 2 meses.
Para quem não adquiriu, terá agora a oportunidade de ter a obra revisada: há mais fotos e as páginas onde estão as imagens são agora de papel couchê, o que facilita a visualização.


Os livors estão à venda na Silva & Penna Fotografias, na esquina da Rua Cerqueira César com Rua 13 de Maio, na Praça Rui Barbosa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Museu do Casarão Pau Preto - "Peça do Mês" - Agosto de 2011

Neste mês de agosto a "peça do mês" em destaque
no Museu do Casarão Pau Preto é um conjunto de esculturas de Mestre Vitalino que foram doadas por Maria Teresa Chiara Monteiro Inácio, em 1997.

Vitalino Pereira dos Santos nasceu em Ribeira dos Campos no dia 10 de julho de 1909 e faleceu em Caruaru, em 20 de Janeiro de 1963. Aprendeu o ofício de modelar quando criança, ao aproveitar das sobras de barro da mãe “louceira” no fabrico de panelas e outros utensílios.

Nesta época fazia pequenos animais – cavalinhos e bodinhos. Aos nove anos acompanhava o pai à feira e negociava suas pequenas esculturas que chamava de “loiça de brincadeira”. Logo depois, investiu nas figuras humanas.

Em 1930, aos 21 anos de idade, Mestre Vitalino desenvolveu melhor a técnica das formas humanas construindo, primeiramente, esculturas de soldados, aceitas imediatamente nas feiras. Aproximadamente cinco anos mais tarde inicia a sua fase de criação descritiva com cenas típicas: procissão, casa de farinha, batizado e casamento na roça.


Prestigie o Museu do Casarão Pau Preto
Local: Casarão Cultural Pau Preto
Rua Pedro Gonçalves, nº 477, Jardim Pau Preto Indaiatuba – SP (Próximo à Igreja Candelária).


Colaborou:
Priscila Toledo, responsável pela Ação Educativa - Museu Casarão Pau Preto

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