quinta-feira, 24 de março de 2011

A Colônia Japonesa em Indaiatuba

A chegada dos primeiros imigrantes e a formação da primeira Associação

Os primeiros colonos japoneses vieram à Indaiatuba em 1935. Doze anos após, isto é, em 1947, foi organizada uma associação de japoneses, que aqui chamaremos de NIHONJINKAI, cuja existência perdura até o presente momento, com a denominação de Associação Cultural, Esportiva Nipo Brasileira de Indaiatuba.

Desta forma, para se falar inicialmente da trajetória dos 60 anos da associação, é preciso conhecer primeiro um pouco da história dos primeiros colonos que aqui se estabeleceram.

Crise no café

O início de 1930 foi marcado por um período de crise na economia brasileira gerada pela queda na exportação do café, devido a uma grande crise mundial do produto. A região mogiana, que englobava de Campinas a Ribeirão Preto, também foi atingida pela crise, levando à falência grandes fazendas de café. Por outro lado, os imigrantes japoneses dessa região conseguiram sobreviver nesse período, devido às pequenas plantações de arroz e algodão. O imigrante Nakaji Gomassako, que nessa época morava em Campinas (atual Rodovia Anhanguera, km 96, no trevo de Campinas), é um deles.

Em 1935, Gomassako mudou-se para a cidade vizinha, na Fazenda Pimenta de Indaiatuba, trazendo sua família e iniciando sua plantação de algodãoo num terreno arrendado. Por Indaiatuba passava a Estrada de Ferro Ituana, ligando Campinas a São Paulo. Com as péssimas condições das estradas vicinais existentes na época, as boas condições da linha férrea eram contrastes que favoreciam a região Muitos japoneses se utilizavam da linha férrea e também procuravam se estabelecer nas suas imediações (da linha férrea Ituana ou da linha férrea Douradense), no período que antecede a 2ª Guerra Mundial. Os imigrantes da época procuravam produzir produtos que não necessitassem negociar diretamente no mercado, por isso um dos produtos escolhidos foi o algodão.

Algodão e tomate

Em 1941, também vieram, para a mesma Fazenda Pimenta, Teruo Imanishi e Uichi Miyake, arrendando um pedaço de terra para plantio. Em seguida vieram as famílias Takahashi e Miura, aumentando gradativamente o número de imigrantes japoneses na região e posteriormente formando uma pequena colônia japonesa. Esses imigrantes cultivavam principalmente o algodão, mas paralelamente foram introduzindo a plantação de tomate.

Na segunda metade da década de 30, a plantação de tomate nas cercanias de São Paulo (principalmente nas regiões de Suzano e Mogi das Cruzes) aumentava consideravelmente, e posteriormente, na década de 40, espalhou-se para regiões mais distantes como Jacareí e Campinas. Crescia o número de japoneses que plantavam e se utilizavam das linhas férreas para o transporte de tomate para o mercado de São Paulo.


Pioneiros na plantação de tomates em Indaiatuba
Imagem cedida por Maria Maçaco Takahara Imanishi

Região privilegiada

Como Indaiatuba se localiza numa região privilegiada, com excelentes condições de transporte, não seria surpreendente que se tornasse uma grande produtora de tomate, mesmo sabendo que na época eram poucas as famílias agrícolas nikkeis, com pouca área de plantio.

Apesar disso, a cidade de Indaiatuba era atraente para os agricultores, pois tinha um solo que propiciava e possibilitava a plantação simultânea de algodão e tomate. A primeira metade da década de 40 (durante a Segunda Guerra Mundial) foi marcada por pouca migração de famílias japonesas. No entanto, após o término da Segunda Guerra Mundial, isto é, após 1946, observou-se um grande aumento da migração dessas famílias.

Japoneses que buscavam por novos pedaços de terras passaram a migrar basicamente para duas regiões. Visando basicamente o cultivo de café, muitos migraram para o norte do Paraná e a outra corrente migrou para a região próxima a São Paulo, visando o cultivo de hortaliças. Dessa segunda corrente, muitos acabaram por migrar na direção de Campinas e Jundiaí.

Japoneses em Indaiatuba

Diante desse cenário, iniciaram-se as migrações para as cercanias de Indaiatuba, tornando-se notória a presença de japoneses na cidade. No início do ano de 1947, Magotaiyu Kuwahara se estabeleceu na região de Valinhos. Em março, Miyoji Takahara mudou-se para Indaiatuba, vindo da cidade de Garça (Alta Paulista). No mesmo período, a Fazenda Pau Preto acolheu as famílias de Yoshiro Hayashi, Takashi Fujiwara, Tamotsu Fujiwara e Etsutaro Tumoto, todas dedicadas ao cultivo de tomate.

Desta forma, os japoneses que vieram para Indaiatuba estabeleceram-se todos em fazendas, empenhados no cultivo da terra, inicialmente, e posteriormente, com o objetivo de formar um pequeno grupo de colonos japoneses, no Bicudo, que ficava dentro da Fazenda Pau Preto.

O único que não foi para a fazenda, instalando-se em um imóvel alugado no centro da cidade, foi Miyoji Takahara. Foi o primeiro japonês a morar no centro da cidade de Indaiatuba.

O maior produtor de tomate



A instalação dessas duas Cooperativas tornou-se um grande estímulo aos agricultores, que deram início a um aumento cada vez maior da produção de tomate. Na segunda metade da década de 50, Indaiatuba já era conhecida como grande produtora de tomate.

Geadas

A produção de tomate dessa época se concentrava basicamente no eixo da linha férrea Central que passava pelas regiões de Suzano, Mogi e Jacareí, onde Campinas e Indaiatuba foram incluídas posteriormente devido à grande quantidade de produção. Porém, nas tradicionais regiões produtoras de tomate ocorreram frequentemente geadas, no período de inverno, prejudicando em grande escala o cultivo. Isto é, no período de inverno, o cultivo do tomate era prejudicado na região de São Paulo, ocasionando queda na produção e aumento no valor de mercado. Portanto, se um produtor conseguisse produzir tomates nesse período, para a cooperativa agrícola seria um fator consideravelmente positivo.

Indaiatuba se localiza a 23º05’ da latitude sul, pertencente ao trópico e altitude de 600 a 650m. Comparada com a cidade de São Paulo (altitude 760m), Indaiatuba se localiza numa altitude um pouco mais abaixo, onde a temperatura média anual é acima de 19º C . Por isso, a cidade tinha uma vantagem, pois raramente geava na região. Mesmo no inverno era possível produzir tomates sem a preocupação de geada e também plantar diversos tipos de verduras, dando à região com características idênticas à da Califórnia dos EUA.

A respeito disso, inicialmente ninguém pensou profundamente. Somente depois que a produção de tomate aumentou consideravelmente, na década de 50, é que se evidenciaram as diferenças, tornando mais claras as vantagens da região.

Cooperativa de Cotia

O grupo pioneiro da Cooperativa Sul Brasil transformou Indaiatuba numa região produtora de destaque, elevando a produção e a venda do tomate no período de inverno. Mais tarde, por volta de 1960, a Cooperativa Agrícola de Cotia tornou-se uma das maiores cooperativas da América Latina. Nesse ano, efetuaram um levantamento estatístico da região produtora de tomate e chegaram à conclusão de que “não haveria local mais propício que o município de Indaiatuba para a produção do tomate no período de inverno”. Assim, em junho de 1961 a Cooperativa Agrícola de Cotia instalou um escritório em Indaiatuba (filial do armazém de depósito de Campinas). O número de cooperados era apenas de cinco pessoas.

Em março de 1962 realizou-se a primeira reunião de cooperados na sucursal Cooperativa Agrícola de Cotia de Indaiatuba, com ampliação de cooperados para 15 membros. Em fevereiro de 1964, a filial desligou-se da sucursal de Campinas, promovendo-se a “Armazém de depósito de Indaiatuba”, contando já com 90 cooperados.

Festa do Tomate

Os índices de produtividade da Cotia foram aumentando cada vez mais, estimulando maiores produções em grande escala. Este fato estimulou tanto a Cooperativa Sul Brasil quanto a Cooperativa Industrial Bandeirantes, de modo a ampliar e intensificar mais ainda a produção. Graças às três cooperativas, que ao invés de competirem entre si, fizeram um esforço em conjunto de cooperação de elevação de produção, é que Indaiatuba tornou-se na década de 60 um dos maiores produtores de tomate do Estado de São Paulo. Indaiatuba era basicamente uma cidade rural, e o desenvolvimento da produção de tomate do município pode ser atribuído por influência direta da Colônia Japonesa.

Entre o final da década de 60 e começo da década de 70, realizou-se a “Festa do Tomate”, organizada pela Associação de Japoneses, graças à força dos produtores nikkeis. Com a renda obtida dessas festas foi possível angariar fundos para a construção do atual clube de campo (Centro Esportivo da ACENBI). Podemos dizer, portanto, que a história da Associação de Japoneses está intimamente ligada com a história da cultura de tomate da cidade.


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A ACENBI (Associação Cultural Esportiva Nipo Brasileira de Indaiatuba), através da iniciativa do professor japonês, voluntário da JICA (Japan International Cooperation Agency) em Indaiatuba, Sr. Go Kuroki - organiza um Encontro de Solidariedade para este domingo, dia 27 de março de 2011 às 11h, em sua sede de campo em Indaiatuba, em apoio às vítimas das catástrofes do Japão.
O encontro tem como objetivo sensibilizar e divulgar a causa, através de mensagens de otimismo e apoio ao povo japonês. Assim como ativar e reforçar a campanha de arrecadação de contribuições que serão destinadas ao Japão através do BUNKYO, SOCIEDADE BRASILEIRA DE CULTURA JAPONESA E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL de São Paulo.



Para a reunião de solidariedade, a organização orienta para que todos tragam uma camiseta branca para que mensagens de apoio, otimismo e esperança - possam ser escritas nelas. No final da troca de energia solidária elas serão recolhidas e enviadas junto com outros itens com o mesmo propósito ao Japão.

O departamento de Beisebol e a Escola Japonesa de Indaiatuba (Nitigo Gakko) estão desenvolvendo cartazes e faixas com mensagens de solidariedade para incluir nesta remessa. Na mesma ocasião, os organizadores pretendem divulgar e fazer arrecadação de contribuições em valor que serão destinadas à reconstrução dos locais afetados do país. Os interessados poderão fazer suas doações desde já, através das contas abaixo. Depósito em qualquer valor serão aceitos e a data limite da arrecadação será até o dia 30 de abril de 2011.

Favorecido:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CULTURA JAPONESA E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - BUNKYO
Site: http://www.bunkyo.org.br/
e-mail: contato@bunkyo.org.br
Tel.: (11) 3208-1755
Fax: (11) 3208-5519

BANCO BRADESCO
Agência: 0131-7
Conta Corrente: 112959-7
CNPJ: 61.511.127/0001-60

ou

BANCO SANTANDER
Agência: 4551
Conta Corrente: 13090004-4
CNPJ: 61.511.127/0001-60

Através da ACENBI (Associação Cultural Esportiva Nipo Brasileira de Indaiatuba):
A contribuição poderá ser feita também através da Secretaria da ACENBI (falar com Sr. Domingos) o qual será devidamente registrado e igualmente repassado ao BUNKYO.

ACENBI - Centro Esportivo e Secretaria
Rua Chile, 689 - Indaiatuba.SP
CEP 13338-130 Tel (19) 3834.2584
e-mail: secretaria@acenbi.org.br

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Para saber mais sobre a ACENBI, acesse a fonte consultada: http://www.acenbi.org.br/

A partir do ano de 1950, houve um aumento na produção de tomate, devido às condições favoráveis de localização da região. Vislumbrando um sucesso certeiro, ficou acertada a vinda da Cooperativa Sul Brasil (com sede na cidade de São Paulo, e posteriormente reorganizada como Associação Central) como forma de garantir a produção dos cooperativistas. Três anos depois, a Cooperativa Industrial Bandeirantes (com sede na cidade de São Paulo) também instalou um armazém de depósito nessa cidade.

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