segunda-feira, 29 de março de 2010

O Padre e a Benemérita (a História de como Leonor de Barros Camargo decide construir o Hospital)

Crônica baseada em fatos reais*

Eliana Belo Silva


- Bom dia padre, sua benção.

- Bom dia, minha filha. Que Deus te abençoe.

- Padre, posso tomar um pouco do seu tempo? Permita-me fazer algumas perguntas?

- Pois não minha filha, com quem tenho a honra de conversar?

- Sou Leonor. Meu nome é Leonor... de Barros Camargo, sou esposa de Augusto de Oliveira Camargo. Nossa família tem propriedades nessa tão agradável região. Resido em São Paulo, mas frequentemente venho para cá, principalmente para Itu, onde frequento a paróquia...

- Sim... continue, filha...

- Por motivos que Deus guarda apenas para Si, em Seus mistérios e desígnios, meu marido e eu não podemos ter filhos...

- Compreendo, minha filha...
- E em comunhão, decidimos compartilhar com essa comunidade que tanto gostamos a fortuna que nos foi dada abençoadamente. Por isso padre, gostaria de saber do senhor... Onde são tratados os doentes carentes de sua paróquia, os desafortunados... para onde são levados, por quem são cuidados?

- Ora, minha filha... nossa cidade... não é uma cidade abastada. Os poucos que possuem um pouco mais de condições vão para Campinas, para Itu ou mesmo para São Paulo para cuidarem-se. Já os pobres... os desafortunados... ficam à própria sorte, dependendo de almas caridosas. E quando já estão desenganados... coitados! Morrem aqui na Igreja e as vezes, na impossibilidade de entrar dentro dela, por fraqueza e debilidade, morrem até aqui neste largo. Prostram-se deitados nesse chão, sob esse sol... Que Deus os tenha!
- Pois então padre... está decidido!

- Sim, minha filha?

- O senhor vê aquele local? (aponta em linha reta bem na frente da igreja para a colina onde hoje está o HAOC). Vê aquele local bem na frente da porta de sua igreja? Pois será ali que os doentes serão acolhidos, pois ali serão tratados.

- No que pensa exatamente, filha?

- Construiremos ali um hospital, meu marido e eu. Um hospital para essa terra de Indaiatuba. Um hospital à altura de sua beleza, de sua formosura. Um hospital que possa receber todos os doentes, todos aqueles que precisam de tratamento.

- Deus seja louvado!

- Será ali, padre, bem ali. (Aponta novamente, emocionada) . Será ali que os filhos dessa cidade serão recebidos em suas doenças, em seus ferimentos. A porta do hospital será bem na direção da porta da igreja, para que nossa Senhora da Candelária abençoe os filhos dessa terra que por ali entrarão para receberem cuidados.

- Tenho certeza que Nossa Senhora da Candelária recebe seu louvor através dessa graça que você dará para nossa cidade, filha. Rezarei com muito fervor para que ela continue abençoando sempre todos aqueles que ali vão em busca de cuidados. E seu filho Jesus abençoará sempre todos aqueles que ali trabalham, dedicando sua vida para amenizar o sofrimento dos que têm dor.

- Obrigada padre. Dê-me sua benção. (Depois de receber a benção diz:) – Nunca mais nenhum sofredor vai morrer aqui na porta da sua Igreja, sem cuidado, sem amparo. Nunca mais. Prometo.

- Que assim seja, minha filha. Vá com Deus.

.....oooooOooooo.....



*(crônica escrita com base em fatos reais, contados pelo atual superintendete do HAOC
e parente  de D. Leonor, Sr. Renato em 2010. Originalmente publicada na revista Imediata Opinião de março de 2010).

Um comentário:

  1. ABENÇOADOS SEJAM D.LEONOR E SR.AUGUSTO,nosso Hospital ,parece mais um convento e traz uma grande paz,há quem fale tão mal dele,mas graças a Deus todas as vêzes que ali me encaminhei eu fui muito bem cuidada,é que o Hospital ficou pequeno(aquela enormidade) ficou pequeno para o numero de pessoas que aqui vieram morar.
    Durante muitos anos eu encadernei os livros do Hospital , os Registros de Entrada das pessoas ,que bom que eu fiz parte um pouco daquela história.Ali trabalharam também dois tios de meu marido pessoas muito queridas,Tio Pedrinho(sempre muito bem arrumado) e Beth,com seus dois lindos olhos azuis,quebrava cada galho...Quantos funcionários maravilhosos por ali ja passaram.Hoje ja não reconheço mais ninguém.O Nelson, o rapaz da segurança,um cara tão simpático,porque se deixar entra todo mundo e tem que ter ali alguém para colocar ordem no pedaço. A Dinalva do SAME
    Mas nada era mais prazeroso que andar pelas suas alamedas floridas,embora todos os |Hospitais tragam dores aos nossos corações,angustias e coisa e mais,porque ninguém vai ali para passear.Mas graças por essas pessoas que construiram este Hospital.São dois santos para mim,amor em ação.É isso que eu acredito.Quem faz isso hoje em dia?
    thaisreder2006@gmail.com

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