terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Gabino Ferreira de Miranda

Gabino Ferreira de Miranda
Crédito da imagem: Revista da Tribuna: disponível em:

Gabino Ferreira de Miranda nasceu na cidade Poço Preto, em Santa Catarina, filho de Manoel Ferreira de Miranda e de Maria Murila de Miranda no dia 18 de maio de 1918.

Seu pai foi professor no município de Itajaí, onde exerceu o magistério primário durante longo tempo, sendo patrono de um dos grupos escolares. 

Também foi jornalista e articulou nos jornais “Gazeta de Itajahy”, “Diário de Itajahy”, “Novidades” e “O Pharol”. Contemporâneo de Nereu Ramos e Frederico Schimidt, foi também um cidadão ativo na política local, conforme ilustra o texto abaixo:

Professor Manoelzinho foi vitima da intolerância em um episódio conhecido em Itajaí como “Carnaval Sangrento”. Durante o desfile de 1912, o grupo carnavalesco “Cara Dura” teve um de seus carros de crítica alvejado por tiros de carabina disparados por policiais do destacamento local. Foram feridos o carpinteiro Paulo Marcello e o jornalista Manoel Ferreira de Miranda, que teve amputada sua perna direita, atingida por duas balas.


 
Em 1927, herdando o gosto pelas letras do pai, com apenas 9 anos, Gabino começou a ajudá-lo como tipógrafo  no jornal "Diário dos Campos" e mais tarde na "Folha do Povo", ambos de Ponta Grossa. Em seguida, na cidade de Sengés, no Paraná, atuou como formista no periódico local.
 
Em 1936 mudou-se para o estado de São Paulo onde trabalhou nos seguintes jornais: "O Itararé", da cidade do mesmo nome, "O Cruzeiro do Sul", de Sorocaba, "Jornal de Piracicaba", "A Cidade", de Barra Bonita, "Jornal D´Oeste" de Santa Bárbara e "São João Jornal" da vizinha cidade de Capivari.
 
Em meados de 1959 veio para Indaiatuba onde adquiriu a tipografia Dom José, que em 1960 passou a imprimir o jornal "Tribuna de Indaiá", fundado em 17 de abril de 1955 pelos acadêmicos de Direito Rafael Elias José Aun e Renato Laércio Talli, inicialmente com o nome de Gazeta de Indaiatuba. Em 1961 adquiriu também esse jornal.
 
Viabilizar a publicação semanal do jornal Tribuna de Indaiá não foi tarefa fácil para Gabino, que perdeu seus pais prematuramente e sonhava ser patrão em vez de empregado.

Mal sabia que após realizar esse objetivo, sua vida estava findando.
 
" Gabino, que sempre trabalhava como empregado, viu seu sonho realizado ao adquirir uma tipografia e posteriormente o jornal, a quem dedicava todas as suas forças a fim de colocá-lo semanalmente na residência de seus assinantes".
(Tribuna de Indaiá de 1o. de setembro de 1963)
 
Vivia para o jornal e em função dele.

Pouco tempo antes de falecer, ele andou dizendo aos amigos que se sentia feliz em ter transferido a tipografia em seu nome e que agora poderia morrer. Embora sendo reconhecido pelos que conviveram como ele como uma pessoa humanitária e de temperamento generoso, é provável que esse ritmo de trabalho tenha sido seu algoz.

Seu maior prazer era terminar cada edição e vê-la procurada. 

E na edição  número 284 do dia 1o. de setembro de 1963, aquela mesmo que ele havia ajudado a compor, anunciou tristemente na primeira página:
 
Morreu o nosso diretor, vítima de sua sensibilidade:
Seu coração vibrou mais que as páginas do jornal.
 
Esta edição ainda é fruto de seu trabalho. 
Apenas dolorosamente encerrada por seus familiares que fizeram questão que não falhasse.
Gabino, lá do céu, verá essa edição, que não pôde terminar, mas que seus entes queridos não quiseram deixá-la inacabada. 
Essa é a maior homenagem póstuma aquele que amou, vibrou e morreu por esse jornal.

(Tribuna de Indaiá de 1o. de setembro de 1963)

Com apenas 45 anos de idade, vítima de um derrame cerebral,  Gabino faleceu na sexta-feira dia 30 de agosto às 7:30h no Hospital Augusto de Oliveira Camargo.

Era casado com Dalmira da Silva Miranda e deixou os filhos Belmira, Terezinha, Manoel e José Luiz. Várias pessoas acompanharam seu velório e sepultamento, feito após celebração de reverendos presbíteros de várias localidades e de homenagens póstumas feitas por autoridades de outras religiões, pelo prefeito de Indaiatuba, entre outros.

Todos muito jovens, os filhos aprenderam aos poucos o ofício, se concentrando mais na parte técnica como a montagem, impressão e distribuição do jornal; o antigo proprietário, Rafael Elias José Aun auxiliava na redação das notícias.


Nesta citada edição de 1963, os filhos  assumiram que continuariam a zelar pelo seu sonho e execução de sua missão.
 
O seu sacrifício é a semente que irá germinar, por ação de sua família,
desejosa de cumprir a sua missão.
(Tribuna de Indaiá de 1o. de setembro de 1963)





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Texto de Eliana Belo Silva, com informações de Oscar França,
que também cedeu o jornal citado.

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